quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Todos os Santos


Nos primeiros séculos da era cristã, o culto de louvor aos santos resumia-se unicamente aos mártires, que usufruíam da veneração dos fiéis, com as celebrações em sua intenção a terem lugar nos subterrâneos das catacumbas e no interior das primeiras basílicas. Em Antioquia, o primeiro domingo de Pentecostes ou o domingo imediato era reservado à consagração de todos os mártires em comum, culto que se estendeu ao Ocidente, dedicado depois a todos os mártires e também aos Apóstolos e aos anjos.

A 13 de Maio de 610 realiza-se a primeira festa litúrgica em comemoração de todos os santos em geral.

De acordo com a tradição, os primórdios da festa (Idade Média) prendem-se também com o facto da Igreja poder ter esquecido durante o ano, nas suas celebrações, o nome de algum santo e de omitir aqueles que não figuravam no calendário litúrgico, aos quais correspondiam algumas festividades de cariz particular a eles consagradas, corrigindo desta maneira essa falta - além de se admitir que a celebração traria benefícios graças à intercessão de todos os santos junto de Deus, devido às orações que lhes eram dedicadas neste dia pêlos fiéis (primitivamente era designado como dia de Nossa Senhora dos Mártires).

No século IX (835), a data desta festa religiosa é então fixada no dia l de Novembro pelo papa Gregório IV, que de há muito vinha pressionando Luís I, o Piedoso, rei de França, de modo a emitir um decreto que oficializasse a celebração. Com efeito, a partir de 837, por decreto real,

a data da festividade no dia l de Novembro torna-se universal, constituindo uma das maiores solenidades para toda a Igreja Cristã.

No final do século X, Santo Odilão ou Odilon, quarto abade de Cluny (994-1048), junta às celebrações em louvor dos santos algumas orações em favor do descanso eterno dos defuntos. Esta introdução levou mais tarde a que se procedesse à separação das duas datas, vindo o dia l de Novembro a ser consagrado a todos os santos da Igreja Católica, enquanto o dia 2 passou a ser dedicado exclusivamente aos fiéis defuntos.

Jorge Barros, Soledade Martinho Costa; Festas e Tradições Portuguesas, Círculo de Leitores – adaptado

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